Uma boa notícia alegrou centenas de famílias descendentes de escravos em Serra Talhada, no Sertão do Pajeú. O Ministério da Cultura (Minc), por meia da Fundação Palmares, publicou no Diário Oficial da União o reconhecimento da comunidade Ponta da Serra, na zona rural, como a primeira vila remanescente de quilombo do município. A certificação foi bastante comemorada pelo prefeito Luciano Duque, que inaugurou no seu governo a primeira Secretaria de Igualdade Racial de Pernambuco.
“Esse reconhecimento é fruto do nosso trabalho de catalogação de comunidades. Antes de iniciarmos esse projeto, ninguém sabia que tínhamos cerca de 15 comunidades com moradores descendentes de escravos em pleno Sertão. Estamos tentando valorizar as nossas origens e essa resposta do Governo Federal é mais uma motivação. Esperamos certificar os demais povoados com esse reconhecimento até o fim da nossa gestão”, disse Duque. A comunidade da Ponta da Serra fica localizada a 32 km da cidade.
Com a certificação, o povoado passa a receber incentivos federais por meio de políticas públicas, tais como cestas básicas, prioridade no Bolsa Família, titulação de terras, posto de saúde, escola quilombola, cursos em formação profissional e preferência no Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). De acordo como secretário de Igualdade Racial, Euclides Ferraz, a pasta está em processo de conclusão documental para solicitar a certificação, junto à Fundação Palmares, das demais 14 comunidades.
“Essa certificação representa a valorização da dignidade humana. O nosso município expressa uma dívida social com a população negra”, disse. O governo espera que as próximas vilas remanescentes de quilombos a ganharem certificações em Serra Talhada sejam Catolé, P.A. Catolé, Chocalho I, Castor, Amarrador, Loanda, Timorante, Três Passagens, Poço Negro, Serra do Galo, Serrote Pelado, Barra Nova, Gavião e Tiburunas. A expectativa da Secretaria de Igualdade Racial é que os reconhecimentos sejam expedidos até o primeiro semestre de 2014.
A notícia da certificação também foi uma vitória do movimento negro serratalhadense. “O nosso movimento está se sentindo valorizado, pois os governos reconhecem o nosso esforço na luta pelo reconhecimento da comunidade Ponta da Serra e de todas as outas”, disse um dos representantes do Movimento Negro pela Igualdade Étnico-racial (Monir), Diego Ferreira. Ao lado de outra liderança do Monir, Cícero Fernandes, o movimento conseguiu catalogar todas as comunidades cadastrando cada um dos quilombolas existentes em Serra Talhada.